Franchising cresce 12% este ano com foco em expandir pelo país

Estimativa foi divulgada pela Associação Brasileira de Franchising, que indica expansão fora do eixo Rio-São Paulo

O setor de franquias deve crescer 12% este ano, revela levantamento da Associação Brasileira de Franquias (ABF), divulgado esta semana durante convenção anual do setor. O faturamento acumulado  passa dos R$ 91 bilhões, com uma projeção de chegar aos R$ 200 bilhões, o que mostra uma recuperação acima dos níveis pré-pandemia, com uma expansão principalmente para o interior.

Para Tom Moreira Leite, vice-presidente da ABF, o crescimento real de cerca de 5,6%, acima da expectativa de elevação do PIB nacional, de cerca de 2,5%, “demonstra a capacidade anticíclica do setor, que se recupera cada vez mais rápido em comparação com outros segmentos da economia”.

Ainda, a expectativa é de mais 7% de unidades em operação, e fechar o ano com um crescimento de 5% das redes de franquias existentes no mercado brasileiro.

Um dos destaques do crescimento do setor de franquias no país este ano é atribuído à expansão das operações para mais regiões do país, fora do eixo Rio-São Paulo. Manaus lidera o ranking de crescimento em número de novas unidades de franquias no Brasil, seguida por Cuiabá e Belo Horizonte.

Entre o primeiro semestre de 2021 e o deste ano, Manaus experimentou uma expansão de 35,1%, com 1.629 operações franqueadas. Esse aumento é atribuído à forte recuperação do turismo, um dos principais motores da economia da capital do Amazonas. Segundo AndréFriedheim, presidente da ABF, “a hotelaria e o turismo estão crescendo muito no norte do país, assim como o aumento da demanda pelo turismo interno em geral”.

Além disso, uma possível melhora da infraestrutura pode ter contribuído para levar mais negócios a regiões fora do sudeste, que concentra o maior número de operações de franquias em todo o país.

“Tenho a sensação de que estamos conseguindo resolver questões logísticas importantes. Estamos sentindo uma melhora neste ambiente de infraestrutura que possibilita marcas chegarem, por exemplo, a Manaus e Cuiabá”, explica Friedheim.

Já Cuiabá passou de 840 para 1.106 unidades franqueadas, 31,7%, expansão associada ao crescimento do agronegócio e enriquecimento de cidades do cinturão do agro no Mato Grosso.

Em terceiro lugar está Belo Horizonte. A capital mineira registrou um aumento de 30,9%, passando de 3.345 para 4.497 operações de marcas franqueadas.

Chama a atenção no ranking divulgado pela Associação Brasileira de Franchising a presença de 12 cidades que não são capitais entre as 30 com maior crescimento de unidades no setor. São José do Rio Preto, Santo André e Jundiaí – todas no interior do estado de São Paulo – estão entre as 10 cidades que mais receberam novas unidades de marcas que fazem parte de redes.

Além de fatores locais, essa expansão se deve ao próprio crescimento do segmento de franquias no país após dois anos de pandemia, opina o presidente da ABF, “redes estão com melhores condições de negociação e aproveitando espaços vagos, e as que estavam mais bem estruturadas conseguiram retomar mais rapidamente os planos de expansão”.

O aumento mais significativo entre as cidades do interior, especialmente de São Paulo, que ainda conta com São José dos Campos, São Bernardo do Campo, Ribeirão Preto e Sorocaba na lista, sugere uma mudança de hábitos durante a pandemia que tende a se consolidar, pondera Moreira Leite.

“Vemos o crescimento de consumo em regiões fora do eixo relacionado aos novos modos de trabalho, como o home office e o modelo híbrido, que levaram mais pessoas para outras cidades, consumindo muitas vezes em sua cidade de origem”, explica o vice-presidente da ABF, que ressalta que “apesar desse movimento de interiorização, as capitais têm crescimentos muito robustos e seguem gerando muita oportunidade dentro do franchising”.

Outro fator de crescimento identificado pela ABF é a retomada da economia. Municípios mais fortemente atingidos pela pandemia, assim como segmentos que sofreram mais restrições pela própria natureza da atividade, como hotelaria e turismo, mostraram crescimento maior nessa retomada.

Novos pontos e formatos também contribuíram para este crescimento, e inclusive pela expansão nacional, que também foi de formatos. Microfranquias, home based, digitais, dark kitchens e formatos alternativos dobraram a participação no mercado desde 2020.