Como será o Franchising nos próximos anos?
Num mundo em que tudo muda o tempo todo, a um ritmo cada vez mais frenético, já não é fácil fazer previsões para o mês que vem, que dirá pretender adivinhar o que vai ocorrer anos lá na frente. Não tenho bola de cristal, mas percebo à minha volta tendências que, a meu ver, indicam alguns dos rumos em que é provável que o mercado de franquias acabe avançando. São elas:
FRANQUIAS DE NEGÓCIOS RELACIONADOS A SAÚDE E BEM ESTAR – e ainda mais aqueles que combinam ambos – tendem a seguir crescendo e atraindo cada vez mais interesse. Uma das lições que a pandemia nos deixou é que precisamos cuidar melhor de nossa saúde física e mental. Na maior parte dos casos, quem estava em boa forma quando foi contaminado pelo maldito vírus, saiu da situação sem maiores sequelas. Algumas atividades das quais poucos já ouviram falar têm boas chances de se tornarem sucesso no universo do Franchising. Uma é o Biohacking, que combina biologia e tecnologia para buscar formas de levar seres humanos a elevar o desempenho dos respectivos corpos a um nível muito mais elevado.
Outra é a Terapia Nutricional Enteral (que só pode ser prescrita e aplicada por médicos), pela qual são feitas infusões intravenosas de nutrientes de acordo com as necessidades específicas de cada paciente a cada dado momento, também em busca de melhor desempenho e maior bem-estar. aOutro ramo que já vem crescendo muito e tende a se expandir ainda mais é o da EDUCAÇÃO, seja à distância, presencial e híbrida. Inclusive com o surgimento de franquias de novos tipos de cursos, cada vez mais sofisticados, destinados a públicos muito específicos.aAcredito no crescimento do ramo de VIAGENS, NOTADAMENTE A LAZER. A pandemia e os sucessivos lockdowns despertaram o desejo de viajar até mesmo em pessoas que não costumavam fazê-lo com frequência.
Percebo que principalmente franquias focadas em viagens “de experiência” terão muitas oportunidades: viagens de conhecimento e aprendizado, viagens que envolvam trabalhar em atividades sociais em outras terras, viagens de bicicleta ou a pé, viagens eno-gastronômicas, cruzeiros marítimos, viagens focadas em arquitetura ou em arte, viagens para conhecer por dentro empresas de sucesso, para visitar fazendas e por aí vai.aFranqueadores e franqueados tenderão a buscar novas e melhores FORMAS DE COOPERAR ENTRE SI.
Esta é mais uma das lições que a pandemia nos ensinou (ou ajudou a cristalizar em nossas mentes): de forma geral, as redes que se saíram melhor foram aquelas em que franqueador e franqueados estavam melhor equipados para trabalhar em conjunto, por manterem um diálogo aberto e compreenderem que todos estão no mesmo barco. E que, se este afundar, não importa a posição desta ou daquela pessoa dentro dele, todos afundarão juntos e poucos se salvarão.aFranqueadoras que quiserem crescer e se consolidar deverão investir mais tempo e recursos na FORMAÇÃO EFETIVA DE LÍDERES.
Tanto no âmbito da própria empresa, como na rede. O desafio, porém, será encontrar a forma certa de fazê-lo. Afinal, acredito que nunca na História da Humanidade houve tantos cursos, livros, palestras, podcasts e o diabo a quatro sobre Liderança. E nunca tivemos tão poucos líderes verdadeiros, seja no mundo empresarial, político ou associativo. Enquanto escrevo isto, um pensamento me atinge como se fosse um raio: alguns dos líderes mais completos que tenho encontrado nos últimos anos – não todos, é claro, mas alguns deles – vieram de uma favela, ou de uma vida muito difícil.
Preciso refletir mais sobre esse ponto, antes de fazer qualquer alternativa a respeito, mas confesso que fiquei com a pulga atrás da orelha. E provoco quem me lê a refletir também.aAs redes sociais tenderão a seguir influenciando fortemente o que fazemos e a forma como consumimos. Talvez não as redes sociais que hoje conhecemos, mas outras redes, com características diferentes, que, por sua vez, é certo, também sofrerão mutações ao longo do tempo. Sendo assim, franqueadores e franqueados deverão SE PREPARAR CADA VEZ MELHOR PARA USAR, DA FORMA ADEQUADA, AS REDES que, a cada momento, lhes permitam interagir com seu público-alvo.
No caso dos franqueadores, isso vale tanto para o relacionamento com consumidores dos produtos, serviços e soluções oferecidos pelas respectivas franquias, como também com candidatos a franqueados.De forma geral, entendo que o Franchising brasileiro continuará evoluindo e se profissionalizando, como vem fazendo desde que surgiu. Franqueadores mais atentos, que gostam de se antecipar às mudanças, continuarão revisando continuamente seus modelos de negócio, as ferramentas que utilizam e os processos que executam. Sempre pontos a pivotar, se isso se mostrar necessário.
Nessa rota de profissionalização, se nosso perverso sistema tributário assim o permitir, deverá aumentar o número de multi-franqueados. Da mesma forma, deverão se intensificar as fusões e aquisições entre empresas franqueadoras, dando surgimento a um número maior de multi-franqueadores, ou holdings controladoras de várias marcas e várias empresas franqueadoras.
E eu, pessoalmente, pretendo viver muitos anos mais, sempre ativo, sempre trabalhando com o que mais amo, para poder testemunhar as muitas mudanças que certamente vêm por aí. As próximas décadas serão tempos interessantes para quem, como eu, gosta de aprender o tempo todo, pratica o conceito da evolução contínua (1% melhor a cada dia, todos os dias) e não tem medo de mudar