Meus caros, a reta final chegou, e já começamos a abrir passagem para o agitado 2014.  Sem querer me antecipar muito, mas ciente de que em aproximadamente quatro semanas encerraremos 2013, e deixando de lado as corriqueiras especulações sobre os movimentos da economia, ou o contexto político, gostaria de explicitar aqui alguns anseios para o ano que vai começar.

O leitor observará que eles estarão longe das grandes questões, dos grandes temas, mas muito mais próximos do cotidiano do ambiente de negócios, sendo, portanto, totalmente integrados ao cenário onde de fato a vida empreendedora acontece.

Sei que vou incomodar alguns, arrancar gargalhadas de outros, e sei também que muitos se identificarão com a lista absolutamente genuína que publico abaixo.

Ela não reflete apenas opiniões deste que vos escreve, mas é inspirada em grande parte nos contatos do dia-a-dia, escutando as queixas e comentários mais críticos de executivos, empreendedores e outros profissionais.

Vamos lá:

1. Que não sejamos constantemente abordados por modinhas de gestão cuja importância se dilui na mesma intensidade com que são anunciadas;

2. Que as pessoas envolvidas com o mundo dos negócios abandonem o uso irresponsável e massacrante do gerúndio em suas comunicações. Algo como:Estamos fazendo, alinhando, providenciando. Usado sempre para criar a imagem de movimento e ação, para algo que já se sabe totalmente paralisado ou engavetado;

3. Que as empresas abandonem a instabilidade como cultura permanente, e passem a entendê-la como um problema a ser resolvido e não como uma solução ou qualidade sem nexo algum. E em consequência, nunca mais será escutado em uma reunião ou encontro de negócios, expressões do tipo “Sou um cara movido por mudanças”, como se a mesma representasse um adjetivo qualitativo;

4. Que o desempenho cênico nunca mais vença o fato. Que ninguém se permita ser persuadido ou seduzido pela oratória ou capacidade de expressão de alguém, mas sim convencido pela clareza dos fatos apresentados e pela lógica dos argumentos;

5. Que o mundo empresarial abandone a ideia de que a política é lugar apenas para políticos profissionais, sindicalistas, ativistas ou agitadores desta ou daquela tendência, pois é justamente por essa falta de participação e engajamento que vivemos no Brasil, absurdos como: a) Meses para se abrir uma empresa; b) Uma massacrante burocracia permeando a vida empresarial; c) Uma legislação trabalhista absolutamente antiquada e desestimulante para a geração de empregos formais; d) Uma brutal insegurança jurídica, aliada a um panorama regulatório que está entre os mais complexos, instáveis e disfuncionais do mundo; e) A maior carga tributária do planeta, sem retorno equivalente em benefícios públicos. (Não para por aqui, existem muitos outros);

6. A compreensão de que engajamento, participação crítica e estruturante nos debates públicos que envolvem a iniciativa privada, persistência e tenacidade serão os únicos e grandes aliados para conquistarmos relevância na competitividade internacional;

7. Que as reuniões sejam objetivas e estruturadas, (sem mau humor é lógico) mas eliminando o espaço para ações performáticas ou recitais de frases de efeito, deixando as artes cênicas para os momentos de descontração;

8. Que chefes sejam simplesmente bons chefes, dotados de aptidões para a liderança (já estaria de bom tamanho), sem as propaladas pretensões rocambolescas, de se tornar “O Líder”, ou “O Grande Líder” ou quem sabe “O Grande Timoneiro”;

9. Que tenhamos um pouco mais de autoconfiança, tratando com naturalidade as opiniões divergentes, as críticas ou embates de natureza profissional, fazendo com que essa atitude saia do discurso e entre para a vida real;

10. Que ninguém seja cobrado para ser politicamente-correto, mas estimulado a dizer a verdade, a ser honesto, mesmo que não agrade;

11. Que abandonemos as frases feitas e o lugar comum, por cultura e aprofundamento.

A lista poderia ser bem maior, e sei que o pouco que está aqui pode parecer bem utópico, mas como dizem que tudo o que existe nasceu antes em uma ideia…

Que venha o próximo ano!

Por: Gustavo Chierighini, fundador da Plataforma Brasil Editorial