Racismo no ambiente corporativo: Um longo caminho pela frente
A participação de negros em cargos executivos de empresas ainda é muito baixa no Brasil. Segundo dados do instituto Ethos, em estudo sobre as 500 maiores empresas que operam no país, eles representam 4,7% do quadro executivo. Na gerência, um nível abaixo na hierarquia, esse percentual sobe um pouco, para 6,3%. Entre supervisores chega a 25,9%.
O dado “chama a atenção”, segundo Pedro Jaime de Coelho Júnior, professor de sociologia da ESPM, “se você tem 52% da população brasileira hoje formada por negros”.
O professor, autor do livro “Executivos Negros: Racismo e Diversidade no Mundo Empresarial” compara a trajetória profissional de negros de duas gerações: executivos que entraram no mercado de trabalho no final dos anos 1970 e jovens profissionais de grandes empresas que ingressaram no começo dos anos 2000. Ele afirma que, apesar de o racismo no mercado de trabalho ter diminuído, ainda são necessárias mudanças para chegar à igualdade. “A gente não está acostumado na sociedade brasileira a ver negros em posições de prestígio e de poder”
Não dá para negar que houve avanços. As empresas estão mais atentas em torno de um discurso, de práticas relacionadas à diversidade, que fazem parte do ideário do mundo empresarial contemporâneo. A empresa é cobrada, até porque ela precisa traduzir em uma linguagem de negócios a agenda social e política contemporânea. E parte disso é a agenda antirracista, anti-homofobia e antissexista.
No entanto, há o racismo velado, no âmbito individual que sim, se reflete nas tomadas de decisões, na estrutura do pensamento e vai muito além do que leis e cotas possam inferir. Quantos aqui ao encontrarem uma pessoa negra de terno e gravata, já pensam que é o motorista, ou um funcionário da segurança. Isso é triste, criminoso e deve ser revisto com urgência em nome do nosso senso moral coletivo.