Não Assuste os Investidores!
Caro leitor, sabemos como é difícil construir a credibilidade, e de como é fácil obter o descrédito.
Mas nem sempre é algo tão singelo. É fácil perder a confiança alheia
Assim como acidentes de avião acontecem a partir de uma sucessão de erros, o afastamento de potenciais investidores ocorre a partir de um processo.
Pode ser um processo complexo, mas nele destacamos dois marcos essenciais:
O Plano de Negócios e o seu Comportamento.
O Plano de Negócios
Imagine um documento que precisa convencer sem nenhuma retórica, ancorado apenas na lógica e na solidez dos argumentos.
Agora imagine a antítese disso. É assim que abordaremos o tema. No lugar de uma receita de bolo sobre como elaborá-lo, vamos mostrar tudo o que não deve ser feito.
Vamos lá:
1. Ocupe um imenso espaço do conteúdo com informações subjetivas, retóricas e de entendimento abstrato do negócio;
2. Não apresente uma tese clara de investimentos, explicitando objetivos e destinos claros, e nem se preocupe em detalhar o empenho deste capital pretendido;
3. Preocupe-se em conceber um material extenso, com muitas e muitas folhas de papel, sem nem mesmo reservar um breve espaço a um resumo conciso e executivo do negócio.
Sim analistas dispõe de todo o tempo do mundo para avaliar uma incógnita;
4. Não esclareça com bom detalhamento as memórias de cálculo;
5. Não apresente um claro estudo de viabilidade econômico-financeiro;
6. Projete apenas por um único ano, no lugar de 5, 6 ou mais anos;
7. Não se preocupe em abordar sobre as possíveis estratégias de saída de um potencial investidor;
8. Não apresente as taxas internas de retorno;
9. Não posicione o negócio no contexto que envolva concorrentes, mercados e segmentações;
10. Conceba uma modelagem financeira engessada que não permita a formatação de novos e adversos cenários;
11. Dedique um bom espaço para a retórica politicamente correta nas empresas.
Investidores adoram isso.
O seu Comportamento
Já presenciei inúmeras apresentações, onde empreendedores de startups de alto potencial e negócios bem estabelecidos, simplesmente não consideravam a possibilidade de fracasso nas suas operações.
Para eles nada iria sair errado, e pela primeira vez na história um planejamento seria concretizado sem nenhum atraso ou furo.
Confiança demais não rima com ganhar dinheiro
Nessas situações, quem realiza a apresentação faz malabarismos para irradiar um otimismo contagiante.
Excesso de otimismo afasta gente inteligente.
Mas a audiência na verdade está apavorada.
Ela é cética, fria e experiente, e composta por analistas treinados a encarar o “não” como algo tão importante e lucrativo como o “sim”.
O fato é que se trata de um momento muito importante para ser desperdiçado.
Então, reunimos aqui algumas dicas (desta vez, para serem seguidas):
Otimismo ou pessimismo não combinam com capacidade para lidar com as adversidades
Analistas de investimentos não querem tratar com otimistas ou pessimistas irremediáveis.
A experiência dessa gente ensina que onde existe uma mínima possibilidade de algo dar errado, é justamente o que vai acontecer.
Já empreendedores capazes, transmitem a ponderada ideia de que muito embora sejam cientes do enorme desafio e dos prováveis imprevistos, possuem as habilidades necessária para navegar em segurança.
Uma postura transmite cegueira, a outra lucidez.
Não esconda os problemas e as suas próprias dúvidas
Nada confere maior credibilidade, do que a verdade nua e crua exposta sem maquiagens, aliada a uma postura conscientemente crítica, sobre o projeto que se pretende desenvolver.
Clareza, transparência, objetividade e profundidade
Fuja do “bobajal” corporativo. Analistas detestam essas inutilidades.
Coloque-se no lugar do seu interlocutor
Investidores sentem falta de diálogos e interlocuções, onde sejam compreendidos em suas responsabilidades como gestores de recursos de terceiros
Entenda. Eles precisam prestar contas por suas decisões e vão responder pelos fracassos.
Portanto, analisar um empreendimento que carrega transparência nas informações, sem dúvida alguma causará grande conforto.
Por fim, Lembre-se sempre. Apresentar uma possibilidade de investimentos não se trata de um exercício de convencimento, é antes de tudo um exercício de análise e julgamento.
Boa sorte e até o próximo.
Por: Gustavo Chierighini, fundador da Plataforma Brasil Editorial
Plataforma Brasil, uma butique especializada em projetos de investimentos e estruturações estratégicas.