Empresariado em desconstrução
Meus caros, que fase eletrizante é essa que antecede os pleitos eleitorais, principalmente quando traz na ponta a disputa pelo Palácio do Planalto e ao governo dos Estados – e como é cansativa ao mesmo tempo.
Entre farpas, chutes, pontapés, e agora até puxões de cabelo, sobra até para quem dia e noite tentar empurrar desesperadamente para frente o nosso tão mirrado PIbizinho.
É isso, enquanto a situação ataca satanizando e estigmatizando os setores produtivos (sim, isso mesmo, empresários, empreendedores, banqueiros e porque não, profissionais executivos diretamente ligados ao sistema corporativo), os grupos de oposição além de brigarem entre si, ainda são incapazes de envergar em alto e bom som, e de forma clara e específica – sem timidez ou culpa embutida – a defesa de quem toma risco (e que risco) para produzir, desenvolver e tentar fazer prosperar a nossa dinâmica econômica tão destratada. Abordar os entraves específicos, sem generalidades vazias, ao mundo privado então, nem pensar. É quase um palavrão.
Contudo nada é por acaso, e houve muita contribuição interna para esse contexto narrativo de desconstrução da reputação da iniciativa privada. Já faz tempo que o mundo empresarial vem se intimidando, submetendo-se sob a bota do politicamente correto social.
“Desejo lucros? Não, quero só praticar um capitalismo responsável e sustentável”. “Queremos ganhar dinheiro e fazer o que bem entendermos com a grana honesta que amealhamos? Não, queremos doar mais da metade e lutar pela igualdade”. “Estou feliz com a indústria de alta tecnologia que construí e sinto que contribuo para o desenvolvimento do Brasil? Não, sinto culpa por não ter erguido no lugar disso, uma iniciativa de puro empreendedorismo social”. (Por favor, nada tenho contra o empreendedorismo social, mas não é só isso que alimenta uma economia). É óbvio que aqui apelei aos costumeiros clichês resumidos em sentenças simplistas, afinal o texto seria longo demais para contextualizar adequadamente a psique de um grupo, mas para bom observador basta.
O fato é que alimentamos por anos esta dicotomia bisonha, onde produzir, inovar tecnológica e metodologicamente, ganhar dinheiro com trabalho honesto e com isso propiciarmos o consumo, gerar oportunidades de empregos, impulsionar a qualificação profissional, capacitar mão de obra com as mirradas economias, tapar os buracos da ineficiência estatal com o próprio bolso, e cumprir com a extenuante burocracia e regulação oficial, nunca são o bastante para aplacarmos a “culpa” que nos colaram, onde quem colou se esquece de forma útil de que o grande acumulador de capital no país é o próprio estado, arrecadando uma das mais robustas cargas tributárias do mundo, mas devolvendo essa “beleza” com a qual convivemos desde sempre – e isso vale para todas as esferas de governo tocadas por distintas legendas.
A fatura sempre chega, e ao nos escondermos sem assumirmos claramente que não há sustentabilidade sem tecnologia de ponta e essa não existe sem investimento privado, que não há desenvolvimento social e melhora nas condições de trabalho sem a proliferação de oportunidades que apenas uma economia pujante consegue trazer, não contribuímos em nada para o amadurecimento do debate econômico e o esclarecimento sério dos fatos que nos cercam. E com isso, tudo se infantiliza, inclusive as campanhas eleitorais.
Por: Gustavo Chierighini, fundador da Plataforma Brasil Editorial
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