A rota segura do bom senso econômico
Caros leitores, não se enganem, este texto não é uma tentativa de resgatar o malfadado triunfalismo de poucos anos atrás e nem tão pouco tentará ativar o ufanismo empoeirado (ainda bem) de alguns discursos soterrados pela dura realidade. E por favor, não espere aqui uma tentativa de prever o imprevisível resultado do pleito de novembro. Contudo, de toda essa conturbada história, algum caldo se pode extrair.
Antes façamos uma breve viagem por algumas economias mais maduras. É razoável imaginarmos o partido de Angela Merkel (o FDP – Partido Democrata Livre) sendo substituído por alguma outra força política que apoie a fragilização dos fundamentos de austeridade fiscal e liberalismo econômico que fizeram da Alemanha o único país realmente sólido da União Europeia contemporânea? Alguém consegue imaginar a sociedade norte americana em pânico diante do resultado das próximas eleições de 2016 quando Barak Obama será substituído? Por conta de mudanças radicais ou obscuras, colocando o futuro da nação em uma rota que poderia ser trágica? É possível pensar em uma Inglaterra recolocando os trabalhistas no poder, porém com uma plataforma política radical, tal qual se observou nos anos 70?
Não, é obvio que não. E qual o motivo? Simples, esses países não são apenas governados por partidos fiscalizados por sólidas instituições, são também governados sob o signo da supremacia do bom senso. Ali a razoabilidade impera de forma avassaladora e quem ousa importuná-la paga com escassez de votos e ostracismo político. Não se trata de perfeição, que obviamente não existe, e nem de uma blindagem diante de caminhos mais desastrosos, mas de uma parede diante do absurdo. E isso já é o bastante.
Voltemos para o solo pátrio. Alguém consegue identificar e relatar com clareza alguma diferença relevante entre as propostas econômicas dos três principais competidores ao palácio do planalto? Naturalmente, algumas diferenças existem entre o grupo governista e os outros dois. Há a aposta “desenvolvimentista” que envolve um maior intervencionismo do estado, mas que sofre a oposição de um modelo mais liberal e ortodoxo quanto ao chamado tripé econômico (regime de metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário). Contudo, mesmo o grupo da atual presidente se nega a admitir que abandonou a tríade que alicerçou as bases da nossa estabilidade econômica – e se preocupa em fortalecer o compromisso diante do empresariado, da imprensa e na própria propagando política.
Do outro lado, a convergência em matéria de política econômica das equipes de Aécio e Marina convergem ao ponto de não se observar mínimas diferenças, e com o setor do agronegócio nenhum dos dois brinca, estabelecendo interlocuções claras que visam eliminar temores ou incompreensões.
Refletiria esse cenário a total falta de “originalidade” de nossas principais forças políticas? A resposta é não, trata-se de amadurecimento, puro e genuíno.
Em resumo, de uma vez por todas, aprendeu-se que a sociedade brasileira não quer abandonar a democracia e seus pilares fundamentais de liberdade, e mais: que com a inflação não se brinca, que perseguir a redução e o controle dos gastos públicos não pode ser uma quimera, que um banco central sem autonomia (com ou sei lei que imponha um mandato independente, vá lá) incomoda a todo o setor produtivo, que amaldiçoar o empresariado estigmatizando-o é meio ridículo, e que não reconhecer a força do agronegócio é amadorismo absoluto.
Para encerrar, afirmo que é muito cedo para saber se o nosso destino inequivocamente será o de nos tornarmos uma economia madura, tal qual as que citei no início do artigo, afinal há muito o que fazer e resolver, mas de uma forma ou de outra estamos na rota certa, disso não tenho dúvida. Quem viver verá.
Até o próximo.
Por: Gustavo Chierighini, fundador da Plataforma Brasil Editorial
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