Votos para um empreendedorismo ainda mais forte em 2015

Meus caros, quando 2014 se iniciou, escutei de muita gente que este seria o ano que “não aconteceria”. Não era para menos, economia capengando, eleição a diante, copa do mundo a espreita com obras de infraestrutura pela metade, ou seja, um quadro bem previsível de soma zero.

Soma-se a isso a carga de paciência geral indo para o ralo e pronto, um diagnóstico precipitado surge com a mesma velocidade com que defesas ideológicas de campanha são abandonadas a luz da realidade que se impõe.

Mas a verdade é que 2014 aconteceu, e não foi pouco. A economia causando arrepios e novas emoções a cada semana, uma copa do mundo tomada de desabafos e uma campanha presidencial arrepiante jamais resultariam em marasmo e sono.

Ao contrário, o que se viu foram nervos a flor da pele, ansiedade pelo futuro e a velha incessante luta pela sobrevivência do setor produtivo, sempre estigmatizado, taxado e freado pela nossa masmorra burocrática.

Convenhamos, não se pode dizer que um ano assim não foi vivido. Afinal de contas, a vida é assim mesmo, difícil e prodigiosa, agradável e suada.

Então, para não cometermos o mesmo erro, proponho iniciarmos 2015 com alguns votos.

Vamos lá:

No mundo corporativo:

1. Que de uma vez por todas, o mundo corporativo se divorcie das modinhas cosméticas de gestão e passe a fazer piada das suas certezas absolutas;

2. Que empreendedores, gestores e avaliadores de pessoal estejam vacinados contra os desempenhos cênicos e a oratória de profissionais performáticos e no lugar disso valorizem a lógica dos argumentos, a execução concreta, a disciplina e a capacidade comprovada de realização;

3. Que as empresas abandonem a instabilidade como cultura permanente, e passem a entendê-la como um problema a ser resolvido e não como uma solução ou qualidade sem nexo algum. E em consequência, nunca mais será escutado em uma reunião ou encontro de negócios, expressões do tipo “Sou um cara movido por mudanças”, como se a mesma representasse um adjetivo qualitativo;

4. Que chefes sejam simplesmente bons chefes, dotados de aptidões para a liderança (já estaria de bom tamanho), sem as propaladas pretensões rocambolescas, de se tornar “O Líder”, ou “O Grande Líder” ou quem sabe “O Grande Timoneiro”;

5. Que ninguém seja cobrado para ser politicamente-correto, mas estimulado a dizer a verdade, a ser honesto, mesmo que não agrade;

6. Que abandonemos as frases feitas e o pobre lugar comum, por cultura e aprofundamento;

7. Que possamos reduzir o excesso de burocracia que trava o nosso desenvolvimento.

Na política e na economia

8. Que o mundo empresarial abandone a ideia de que a política é lugar apenas para políticos profissionais, sindicalistas, ativistas ou agitadores desta ou daquela tendência, pois é justamente por essa falta de participação e engajamento que vivemos no Brasil, absurdos como: a) meses para se abrir uma empresa; b) uma massacrante burocracia permeando a vida empresarial; c) uma legislação trabalhista absolutamente antiquada e desestimulante para a geração de empregos formais; d) uma brutal insegurança jurídica, aliada a um panorama regulatório que está entre os mais complexos, instáveis e disfuncionais do mundo; e) a maior carga tributária do planeta, sem retorno equivalente em benefícios públicos. (Não para por aqui, existem muitos outros);

9. A compreensão de que engajamento, participação crítica e estruturante nos debates públicos que envolvem a iniciativa privada, persistência e tenacidade serão os únicos e grandes aliados para conquistarmos relevância na competitividade internacional;

10. Que possamos contar com o contraditório provocado pela instituição da “oposição política” (calma, aqui o desejo vale para todas as esferas: municipal, estadual e federal), porque sem ela não há a construção do debate de ideias, o viés puramente ideológico torna-se verdade absoluta, e sabemos muito bem que fora o bom senso econômico – da eficiência da produtividade e do conceito que se investe mais quando se gasta menos no custeio -, ideias fixas e envoltas no manto da falsa superioridade moral e blindadas do bombardeio crítico geralmente resultam em pibinhos, catástrofes econômicas e prejuízos para o desenvolvimento social.

11. Que de uma vez por todas, paremos de atacar o senso de “ambição/ competição” pois na maioria das vezes, nos frigir dos ovos, ele faz muito mais do que se imagina pela tão aclamada e perseguida justiça social.

Que seja um grande ano!

Até o próximo

Por: Gustavo Chierighini, fundador da Plataforma Brasil Editorial

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