Franquias de educação digitalizam aulas e mantém prestação de serviços durante a pandemia

Formatos e plataformas variam de rede para rede; comunicação digital com públicos diversos também cresce

Há pelo menos quatro anos, as franquias de educação, cujo faturamento somado atingiu R$ 12,2 bilhões em 2019, vinham trabalhando em uma agenda de transformação digital. A pandemia de Covid-19, no entanto, forçou uma migração mais intensa para ambientes digitais e as redes reagiram rápido, como mostram alguns cases levantados pela Associação Brasileira de Franchising – ABF. Segundo o primeiro estudo setorial de educação da ABF realizado em 2019, 33% das redes já possuíam modelos digitais ou híbridos de ensino.


“Esse número certamente cresceu bastante pela urgência do momento. É interessante notar que os modelos diferem: plataformas próprias, aplicativos ou mesmo a utilização de recursos como o Zoom, Whatsapp e Skype. As redes e os franqueados foram ágeis mantendo a prestação de serviço e grande parte dos alunos. É um ambiente novo, mas que traz também novos recursos. Temos redes, por exemplo, utilizando games e outras atividades competitivas online”, explica Sylvia Barros, coordenadora da Comissão de Educação da ABF.


Dados da última pesquisa trimestral da ABF vão na mesma direção. Segundo este estudo, o segmento cresceu 3,5% no 1º trimestre. Além disso, 89% das franquias entrevistadas (o que inclui redes de educação e outros segmentos) alegaram ter implantação algum tipo de entrega de serviço online.


Além de escolas de idiomas, foram identificados casos de redes de escolas regulares, reforço escolar, de capacitação profissional e ginástica do cérebro com iniciativas digitais. Uma rede profissionalizante, inclusive, registrou um crescimento de 15% na procura dos cursos online de cuidador, atendente de farmácia, logística e desenvolvimento de aplicativos. Merecem menção ainda iniciativas como cursos gratuitos, lives nas redes sociais, aulas delivery (com os devidos cuidados de higiene), orientação para pais no caso de aulas para crianças mais novas e até uma comunidade online de ensino escolar bilingue.


“Apesar as dificuldades, acredito que essa experiência digital abrupta possa trazer aprendizados importantes para as redes de educação, quem sabe até abrindo novas oportunidades de negócio para quando a situação se estabilizar. O próprio consumidor pode tomar gosto pelo formato digital aumentando esta demanda”, afirma Sylvia Barros.
Confira, abaixo, alguns cases de redes de franquias no segmento de educação que digitalizaram seus serviços em virtude das restrições impostas pela pandemia de Covid-19:


CNA adaptou em tempo recorde as aulas para serem oferecidas a distância pelas franquias, mantendo a prestação de serviços com a metodologia e a qualidade CNA. O CNA Live Class oferece aulas online, em tempo real, proporcionando interação dos alunos com professor e colegas de turma. Mais de 90% das 614 escolas CNA já adotaram esse novo formato. Para complementar o aprendizado em sala de aula, os alunos contam com o CNA Net, um portal do aluno com recursos para prática e aprendizagem, recursos de comunicação, Web Lessons interativas, professores online para tirar dúvidas e praticar conversação. A rede também aposta no CNA Go, nova plataforma de ensino 100% online.  

A Rede de cursos de neuroaprendizagem Ginástica do Cérebro, com 23 unidades espalhadas por 10 estados brasileiros, passou a realizar aulas online, mantendo as atividades de forma remota para não ocasionar perda de aprendizado aos alunos, já que a maior parte dos alunos é idosa e integra o grupo de risco. Além disso, a CEO da marca, a psicopedagoga e especialista em neuropedagogia Nadia Benitez, está promovendo diversas palestras online gratuitas focadas em orientar o público sobre como manter a mente ativa nesse momento de isolamento e as famílias para manterem o ritmo de atividades e estudos dos filhos.


Desde o início do isolamento social, para não comprometer a continuidade do aprendizado de seus alunos, a Happy Code – rede de escolas de programação, maker e robótica para crianças e adolescentes, vem adaptando seus conteúdos, treinando remotamente seus profissionais e aplicando seus cursos regulares de forma on-line por meio da plataforma Teams, da Microsoft. Como alternativa para os pais que querem ocupar o tempo de seus filhos de maneira educativa, além dos cursos regulares, a Happy Code também está disponibilizando opções de cursos rápidos como Minecraft, Youtuber, Desenvolvimento de games e aplicativos, também de forma remota.   


No Kumon, maior franquia educacional do país, as aulas continuam mesmo com as unidades fechadas. O Estudo no Lar, uma prática sempre reforçada e incentivada pelo método de estudo, agora, mais do que nunca, tem uma importância fundamental para o contínuo desenvolvimento dos alunos. Os franqueados enviam os materiais e entram em contato com os pais, conversam com a criança para tirar dúvidas e motivar para que as metas sejam batidas. Estudar em casa traz um grande benefício para o aluno. Além da criança potencializar as suas habilidades, ela se torna mais disciplinada e independente.


A rede de escolas bilingue Maple Bear criou a Maple Bear Digital Learning Community, que é uma comunidade colaborativa online que tem como objetivo reunir recursos de apoio e orientações para que as escolas possam oferecer suporte educacional aos alunos de todas as séries escolares ao longo do período de suspensão de aulas presenciais. Na ferramenta estarão disponíveis materiais para alunos e professores utilizarem a distância, além de recursos especiais adequados à faixa etária.


A rede PARK IDIOMAS, em pouquíssimo tempo, elaborou um e-book, distribuído aos franqueados, para que eles ajudassem os alunos na transição das aulas presenciais para online. O material didático, que já era via app próprio da rede, não sofreu alteração. E a metodologia, que tem como foco exclusivo a conversação, foi tranquilamente adaptada para os canais online. O feedback dos alunos tem sido bastante positivo, porque as aulas seguem com muita interação entre aluno e professor. Para movimentar as matrículas, a rede está estimulando uma semana de aula grátis, assim, os interessados podem fazer uma degustação da metodologia, mesmo durante a quarentena. Alguns resultados já foram sentidos e, mesmo em isolamento social, novas matrículas foram feitas.


A Franquia SUPERA, lançou uma ação solidária ao cenário atual e liberou por 30 dias acesso grátis ao SUPERA Online, plataforma de jogos virtuais para pessoas de todas as idades. Com essa ação, a franquia SUPERA se fez mais conhecida e se manteve alinhada com o mercado, fortalecendo seu branding e, de fato, contribuindo positivamente para a sociedade diante do cenário de cuidados em relação à pandemia.

Times, rede de franquias de idiomas, decidiu reformular o seu modo de dar aulas. A escola de inglês optou por oferecer seus cursos de forma 100% online. Todas as aulas virtuais precisam ser agendadas pelos telefones disponíveis no site, conforme a unidade, ou pelo WhatsApp (19) 99293-8709. Em seguida os alunos necessitam baixar aplicativos como o Zoom, Skype ou Whereby para dar andamento no curso. O conteúdo programático está sendo oferecido com a mesma qualidade das aulas presenciais e tem o foco voltado para conversação. A decisão é temporária e vai aguardar o pronunciamento das autoridades oficiais para confirmar o retorno das aulas em todas as unidades do Estado de São Paulo e Goiás.


As franqueadas (a maioria são mulheres) da rede THE KIDS CLUB estão se reinventando e adaptando o conteúdo para a versão online, usando, na maior parte das vezes, o aplicado Zoom. Por se tratar de ensino para crianças de 2 a 12 anos, os menores precisam estar acompanhados dos pais durante as aulas e embora pareça ‘mais uma demanda para eles’, tem sido também uma forma ‘in loco’ deles conhecerem e verem na prática a metodologia usada. O feedback positivo, inclusive, aumentou por esses dias. Vale lembrar que a metodologia é bem dinâmica, afinal, são crianças e as professoras continuam desenvolvendo as brincadeiras mesmo a distância, como gincanas online. A ideia é que, mesmo diante do computador, eles continuem com o máximo de atividades corporais, como ouvir música, dançar, interagir de maneira o mais próxima possível da aula presencial.

Top English foi primeira escola de “inglês delivery”, metodologia na qual o professor vai até residência ou local de trabalho do aluno e se adapta seus horários e cotidiano. A rede, hoje, possui mais de 40 unidades, entre o Brasil, Japão e Estados Unidos. Embora as aulas da Top English sejam personalizadas – e com menos riscos de contágio, já que não são realizadas em aglomerações – desde o aumento de casos do novo coronavírus, a marca fez algumas alterações em sua rotina de trabalho, como focar preferencialmente em aulas on-line, e nos casos que forem solicitada a presença do professor, esses devem levar álcool em gel e lecionar a pelo menos um metro de distância do aluno.